Quem já passou por um desastre em Portugal sabe do que falo. Não identifico a natureza do desastre porque o que se segue aplica-se a quase todos.
Primeiro a surpresa traduzida em silêncio e em 10 segundos dos piores palavrões.
Depois passa-se à acção e ninguém espera por socorro. Salve-se quem puder é a palavra de ordem e todos se lembram de esquemas que viram em filmes ou que alguém lhes contou. Ninguém pára para telefonar ou para se queixar e todos viram bombeiros, electricistas, enfermeiros, médicos, o que for preciso para resolver o que surgir pela frente. Enquanto o fogo nos lambe as solas, pegamos numa enxada, prontos para matar 100 de uma assentada. Até a situação se resolver não existe nada nem ninguém que nos demova.
Nos momentos dificeis contamos connosco e não pedimos nada a ninguém. A vida é nossa e somos nós que temos de a defender e antes morrer que ficar a dever.
Quando tudo acabou podemos dizer mal do governo e de quem devia ter lá estado e não esteve e contarmos a toda a gente como foi. Mas isso é só depois de tudo ter acabado.
Somos e fizeram-nos assim, para o bem e para o mal.
bunker