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sexta-feira, fevereiro 24 

Casa Branca

A ideia era chegar à casa branca.
Para lá chegar o caminho era íngreme. Pela diferença de tons, do mais escuro ao mais claro, percebia-se que não devia ser fácil subir.
Entrei na rua estreita e encurvada. Vi um cão pequeno, com o pelo branco, curto e encaracolado. O cão dirigiu-se a mim e perguntou-me se estava perdida. Disse-lhe que queria ir para a casa branca no topo da encosta. O cão fugiu.
Decidi avançar pela rua calcetada de preto com varandas de ferro forjado. O ar tornava-se rarefeito à medida que subia. Tirei os óculos escuros e imediatamente vi o cego com os seus postos. Ouviu-me e chamou o meu nome. Assustei-me e fiquei ainda com menos ar. Ia custar chegar à casa branca se, de esquina em esquina, me interrompiam.
O cego perguntou-me: "Outra vez a querer espreitar a vida dos outros? Não lhe bastou ver a casa vazia? Já lhe dissemos que era inútil querer ver lá alguém."
Ele tinha razão. Era a terceira vez que subia à casa branca.

Bunker