Falsos moralismos
Eu até nem sou de denunciar estes episódios, mas tudo tem limites.
Percebo o princípio de cada um contribuir com qualquer coisinha para ajudar a salvar o Sistema Nacional de Saúde, percebo que em tempo de apertar o cinto, se tenham que fazer alguns esforços suplementares.
Agora o que eu não percebo é que o Senhor Ministro da Saúde venha dizer que quem tem dinheiro para um maço de tabaco ou para ir ao cinema, também tem dinheiro para pagar o internamento num hospital. Primeiro, porque se tivesse, ia para um hospital privado, não ia para um hospital público onde as condições continuam muitas vezes muito aquém de um padrão 'normal' de dignidade humana (lembro-me de ver baratas, há dois anos, a passear alegremente na enfermaria das crianças no Hospital de Faro). Segundo porque o coitadinho do Ministro, numa inauguração de um centro de saúde, teve o desplante de pedir ao médico de serviço que lhe passasse uma receitinha. E nem era para ele, era para a mulher. Agora percebo melhor por que anda ela a precisar daqueles remédios.
Não faria mal ao Senhor Ministro fumar um cigarrinho de vez em quando.
Pandora